Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de setembro, 2013

Mais uma vez

     Mais uma vez coloquei no lixo os rascunhos.      Mais uma vez recomecei.      Mais uma vez entendi o porquê dos erros.      Mais uma vez fechei a porta.      Mais uma vez parei no meio do caminho.      Mais uma vez e mais uma vez.      Mais uma vez atravessei as mesmas esquinas.      Mais uma vez cruzei com as mesmas pessoas.      Mais uma vez olhei para o lado.      Mais uma vez desejei estar em outro lugar.      Mais uma vez me deixei de lado.      Mais uma vez te deixei de lado.      Mais uma vez quis te sentir.      Mais uma vez te olhei acordar.      Mais uma vez me apaixonei.      Mais uma vez te amei.      Mais uma vez você partiu.      Mais uma vez te vi chegar.      Mais uma vez te perdi.      Mais uma vez te conquistei.      Mais uma vez te beijei pela última vez.      Mais uma vez te beijei pela primeira vez.      Mais uma vez te senti distante.      Mais uma vez.      Mais uma vez me declarei.      Mais uma vez chorei.      Mais uma vez cont

Miséria S.A.

     Inúmeras linhas escritas, teorias formuladas, infindáveis ruas cruzadas e incontáveis e indiferenças observadas. O que mexe comigo é a indiferença à miséria.     Nos encastelamos em bunkers protegidos e vivemos a nossa vida de faz de conta, vivendo o nosso conto de fadas, a nossa história encantada. Por vezes esta história encantada é invadida pela vida real, a dura vida real. Quando isso acontece nos revoltamos, perguntamos onde estão os políticos, questionamos onde está o Estado que não ampara os desvalidos. Gritamos "o que fazem com nossos impostos". Enfim, fingimos uma indignação para expiar uma culpa latente. Passado algum tempo voltamos ao conforto de nossas vidas. Nos trancamos em shoppings, compramos, lutamos para voltarmos ao nosso conto de fadas, mesmo que tudo ao redor esteja desmoronando. A isso chamam de homem civilizado!      Como entender que mantemos uma estação espacial em órbita, com todos os custos estratosféricos desta empreitada e não conseguimo

Rascunhando

    Todos os dias estamos à procura da crônica de nossas vidas. Algo a ser escrito que se prolongue além dos dias. Buscamos o que justifique o acordar diário. Mas o que encontramos? O que se revela a cada acordar? Os dias se repetem, sempre iguais, talvez com algumas discrepâncias, alguns tons diferentes, mas no fundo tudo se repete a cada amanhecer.      A crônica de encontros e desencontros diários pode ser escrita e reescrita, mas por mais que adjetivarmos ou substantivarmos sempre será mesma história, sempre será a mesma crônica. Um olhar para o mesmo, um escrever sobre o mesmo.      Imagino quem escreve diariamente e tem a necessidade de produzir um texto por dia que mantenha a  atenção do leitor. Como encontrar um assunto, como prender a atenção do leitor. E quando o texto estiver terminado e enfim publicado, já tem que pensar no próximo e assim dia após dia. Que drama.      Pensando neste drama me dei conta que o ser humano é muito eficiente em transformar coisas prazerosas n

Sonho

Recebi hoje um e-mail de um amigo virtual. Nos comunicamos por alguns anos somente no mundo virtual, somos uma espécie de produto da "modernidade". Este amigo é um dos leitores deste blog esquecido entre bits. Mas desta vez ele manda uma contribuição para o blog, talvez preocupado com a falta de inspiração deste neófito blogueiro. Gostei Carlos Turma. Por Carlos Turma.      Ontem perdi um sonho.      Mais um entre tantos que sonhei.      Mesmo não entendo o porquê, aquele sonho me marcava. Nas minhas primeiras lembranças ele estava comigo ou eu estava com ele. Sonhos são companheiros de vida. Por vezes os únicos companheiros.      Quando percebi o companheiro de tantos anos deixou a minha vida. Mas o interessante é que não ficou nada, desesperança, tristeza, alegria ou qualquer outro sentimento. Simplesmente saiu sem deixar rastro.      Talvez eu tivesse este sonho somente para continuar minha estrada, como uma muleta para me ajudar a caminhar. Quando não mais prec

O Sonho da Drag

     Vamos fazer o seguinte. Vamos Começar de novo esta conversa. Caso contrário iremos nos matar. Bom dia Carla. Como tu está?      Este teu jogo não me convence. Fala o que tu tem que falar. Desembucha.      Ok. Sem meias palavras vou direto ao ponto. Quero que tu me sustente. Quero que tu banque o meu sonho. Quero ser uma Drag Queem.      Não acredito. O meu amante quer ser Drag Queem. O cara que mantém a minha escrita em dia quer virar mulherzinha.      Não é isso. Quero me apresentar nos palcos da vida.      Mas precisa se transformar em mulher?      Faz parte do show.      Que show?      O que estou criando na minha cabeça.      João, me diz uma coisa. De onde tu tirou esta ideia? Na infância tu brincava de médico ou de bonecas?      Deixa de brincadeiras, foi tu quem me deu esta ideia, Carlinha.      Não me chama de Carlinha que não gosto.      Lembra daquele livro que tu comprou estes dias, a biografia da Carmem Miranda. Comecei a ler o livro e vi um mon